segunda-feira, 25 de março de 2013
Carta do PETA ao Papa Francisco
A ONG PETA (Pessoas pelo tratamento ético dos animais) enviou uma carta ao Papa Francisco, recentemente eleito, pedindo-lhe que renda homenagem ao seu homônimo, São Francisco de Assis, o Santo Padroeiro dos Animais, abolindo do Vaticano, carnes, ovos e laticínios que tenham sido provenientes de fazendas industriais e que se comece a servir refeições (eventualmente todas) sem carne.
Na carta, PETA destaca que São Francisco considerava os animais como nossos semelhantes, criados todos pelo mesmo Deus. PETA também mencionou ao Papa Francisco que seus dois antecessores, Papa Bento XVI e João Paulo II, condenavam veementemente o abuso de animais.
“As atuais fazendas industriais são o inferno em vida para galinhas, porcos, vacas e outros animais”, disse o Diretor de Comunicação do Peta, Colleen O’Brien, um católico devoto. “Jesus ficaria horrorizado em testemunhar os efeitos nefastos da indústria da carne, ovos e laticínios, tanto em animais, como na saúde humana. Instamos o Papa Francisco a fazer do Vaticano o ápice da postura contra essas injustiças.”
Nas atuais indústrias da pecuária e de laticínios, galinhas e perus têm, frequentemente, suas gargantas cortadas enquanto ainda estão conscientes, caudas e testículos de jovens leitões são extirpados sem nenhum tipo de anestesia, peixes morrem sufocados ou são cortados ainda vivos no convés de barcos pesqueiros e bezerros são arrancados de suas mães, poucas horas após o nascimento.
Vejam a carta do PETA ao Papa Francisco:
À Sua Santidade o Papa Francisco I
Vaticano
Vossa Santidade:
Parabéns por ter sido eleito o Papa esta semana. Como católico durante toda minha vida, assisti, com a respiração suspensa, a todo o processo desta proclamação histórica e, emocionado, vi o novo pontífice adotar o honrado nome de Francisco, em reverência a São Francisco de Assis. Eu e meus companheiros do PETA temos sido sempre inspirados pela vida de São Francisco, totalmente devotada ao serviço compassivo. Ele é, sem dúvida, muito conhecido pelo seu profundo respeito pelos animais. O senhor, ontem, expressou este fato de forma belíssima, quando disse que seguir a designação de “protetores”, dada a nós por Deus, significa “proteger toda a criação, a beleza do mundo por Ele gerado, de acordo com o que preconiza o Livro de Gênesis e conforme os ensinamentos de São Francisco de Assis. Significa respeitar cada uma das criaturas de Deus e respeitar o meio ambiente em que vivemos.” Este é o motivo pelo qual lhe escrevo, encorajando-o a tomar medidas para introduzir o veganismo no Vaticano, zelando para que nenhuma carne, ovos e laticínios, oriundos de fazendas industriais,sejam lá servidos. Esta mudança tornar-se-ia um notável e importante exemplo humano da verdadeira compaixão para com todas as criaturas de Deus.
Como o senhor bem o sabe, a fé Católica tem uma longa tradição na conduta de tratar os animais com respeito, desde São Francisco de Assis até a mensagem de Cristo no Sermão da Montanha: “Bem-aventurados os misericordiosos”. Nas contemporâneas fazendas industriais, nas quais as galinhas são amontoadas aos milhares dentro de galpões escuros impregnados pelo fétido cheiro de amônia,onde peixes sofrem torturante descompressão quando retirados da água e privados de sua fonte de oxigênio e vacas e porcos são sistematicamente mutilados sem anestésicos, não há nada de misericordioso na forma com que animais são mortos para servir de comida. Seus dois antecessores pronunciaram-se de forma vigorosa contra a crueldade cometida com os animais. O Catecismo da Igreja Católica, conforme promulgado pelo Papa João Paulo II, afirma: “Animais são criaturas de Deus…Assim sendo, os homens lhes devem bondade. Deveríamos evocar a benevolência com que Santos, como São Francisco de Assis ou São Filipe Néri, tratavam os animais…É contra a dignidade humana causar, desnecessariamente, o sofrimento e morte de animais.”
O Papa Emérito Bento XVI compartilhou deste sentimento, dizendo: “Nós não podemos, simplesmente, fazer qualquer coisa que queiramos com os animais. Animais são, também, criaturas de Deus… Há, por certo, um tipo de uso industrial dessas criaturas, onde galinhas vivem tão comprimidas umas às outras, que acabam transformando-se em caricaturas de aves… isto parece-me, de fato, contradizer a relação de reciprocidade recomendada na Bíblia.”
Banindo os produtos animais provenientes das fazendas industriais e consumindo, o mais possível, alimentos sem carne, o senhor estará enviando uma poderosa mensagem a todos os Cristãos do mundo. Devemos ser as mãos de Nosso Senhor e Seu coração amoroso, alimentando os pobres e manifestando compaixão e misericórdia para com todas as criaturas de Deus.
Obrigado, Santo Padre, por considerar este apelo.
Respeitosamente,
Colleen O’Brien
Diretor de Comunicação
PETA
Fonte: ANDA - 23.03.2013
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