quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013
O Racismo e o sexismo nosso de cada dia
Quvenzhané era a garota mais nova a ser indicada ao Oscar na história. Era a noite mais importante da vida dela. Ela foi reduzida a uma coadjuvante na ‘piada’ do Seth MacFarlane e foi chamada de (como a The Penitentiary Phylosophy descreveu) um dos piores insultos que se reserva a mulheres na língua inglesa, por um site de ‘humor’. Diretamente, Gratuitamente. Usando o nome dela.
Isso algum dia aconteceu com alguma celebridade de 9 anos branca? Isso aconteceria?
A questão não é que uma falou e a outra foi xingada, e sim que uma foi protegida e a outra foi jogada aos leões.
Quando se fala de sexismo interagindo com racismo, temos que perceber que o sexismo, quando se trata de mulheres ou crianças negras, é potencializado ao máximo.
Naquela mesma noite foi feita uma piada sobre a Rhianna e o Chris Brown estarem juntos depois de ela ter sido espancada por ele. Há VÁRIOS outros casos de violência doméstica em hollywood, mas este caso, em especial, é o mais lembrado, e o único alvo de piadas sem graça - porque envolve duas pessoas negras.
Beyoncé é constantemente criticada por seu ‘excesso de sexualidade’ em clipes e seu ‘exemplo para garotas mais jovens’, inclusive criticada por feministas, enquanto que a Lady Gaga faz a dancinha igual e os clipes dela são considerados inovadores e modernos.
Um cantor negro que a @charolastra estava falando no twitter, foi referido como ‘O Elvis Negro’, sendo que o próprio Elvis simplesmente plagiou sua dança, sua roupa, seu penteado e seu estilo de música de músicos negros, em especial Chuck Berry.
Gabby Douglas, medalha de ouro nas olimpíadas, foi escrachada em toda a internet por causa do seu CABELO.
Amandla Stenberg, atriz que interpretou a personagem Rue, de Jogos Vorazes, gerou uma revolta no twitter por ser negra - apesar de a autora do livro ter descrito Rue como uma garota de pele escura, cabelos pretos e crespos, no imaginário coletivo das pessoas de repente ela se tornou branca e loira - e uma avalanche de tweets inclusive dizia que ela arruinou a personagem, e que se importavam menos com seu destino no filme agora que sabiam que ela era negra.
A permissividade de fazer piadas, ameaças, sexualização precoce, policiamento do corpo e atitudes, se multiplica quando se trata de mulheres negras. Elas são as maiores vitimas de violência, estupros, abuso sexual, apagamento, miséria, preconceito.
A mocinha branca é a que todos querem proteger a todo custo. A mocinha negra é aquela que as pessoas se sentem no direito de fazer o que quiser com elas. Se a Suri Cruise tivesse sido chamada de ‘cunt’ haveria um pandemônio internacional. Mas o deboche com a ‘piada’ permaneceu até mesmo depois que o The Onion pediu desculpas.
A noite mais especial da vida dessa garotinha de 9 anos foi arruinada, por um esforço coletivo de várias mídias, pessoas e redes sociais.
E ninguém se importa tanto assim.
Porque ela não é branca.
Edit: adicionei os créditos devidos à Penitentiary Phylosophy, que descreveu a força do insulto ‘cunt’ na língua inglesa
Via Feminista Cansada: http://www.feministacansada.com/
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